Acontece muito comigo: pessoas que estão ao meu lado resolvem conversar.
Pessoas que eu nunca vi na vida e eu nunca mais vou ver.
Mas nesses encontros ocasionais e não diários as pessoas resolvem se abrir e eu fico lá, apenas de ouvinte.
E esses dias aconteceu exatamente isso no percurso do metrô: Santana - Consolação.
Esse Sr. Jornalista (diretor do sindicato dos jornalistas).
Pele clara, olhos azuis e simpático.
Começa a discorrer aos poucos sobre cada um de seus filhos e os respectivos feitos, ao todos são três, carregava o livro recente do caçula que é juntado com uma moça que conhecia desde o colégio, ambos fizeram USP ele publicidade ela não me lembro. O mais velho trabalha com palestras, ganha mais de vinte mil por cada uma que dá (!!!) e o do meio é diretor na Telefônica.
O Sr. Jornalista tem 47 anos de casado, a aposentadoria é toda da mulher que administra a casa e ele fica com o salário de diretor do sindicato, ele nem quer saber o que ela faz com todo o dinheiro, o que importa é ter comida na mesa.
Ele já foi jornalista da folha, sofreu um acidente grave no Rio de Janeiro, bala perdida no braço e uma batida de carro que fez com ele perdesse as retinas dos olhos, enxerga muito pouco agora."Mas meus olhos continuam lindos, eles são seletivos, só vêem pessoas bonitas!" (elogio pra mim!rs)
Mas isso não faz com que ele não deixe de sair de casa e vá para o hospital (seu destino) fazer a fisioterapia, a acupuntura e depois ir ao trabalho. Volta pra casa no final do dia com a sensação que tudo foi feito naquele dia. Afinal, como ele mesmo disse várias vezes: "Quem fica parado é poste!"
Fui embora e ele seguiu para mais uma estação, e eu não me recordo o seu nome, acho que ele não mencionou nenhuma vez, por isso o chamo de Sr. Jornalista.
Obrigado pela lição de vida.
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